A cachaça já havia caído no gosto popular há muito tempo. Ora carregada de preconceitos contra as camadas mais populares, ora embalada pelo patriotismo de quem tomava a legítima bebida brasileira e não o vinho português dos colonizadores. Mas bastava uma bicada no copo para entender a paixão e não havia brasileiro tampouco português que resistisse a ela.
E pouco a pouco, com o cuidado de quem sabe degustar uma bebida tão rica em sabor, a cachaça foi tomando novos contornos. Traços perceptíveis aos artistas de alambique que viram a arte naquele destilado de cana. E na pequena cidade de São Tiago, pertinho de São João del Rei, uma deliciosa receita foi criada. Nos atalhos mineiros dos Campos das Verdentes, surgia a Espírito de Minas.
Uma bebida tão mineira quanto brasileira, carregou em cada gota um pouco de história e de cultura – inspirada, do nome à essência, pelo orgulho mineiro.
De São Tiago, partiu para Belo Horizonte. Da capital mineira, foi para o Rio de Janeiro. Do Cristo Redentor, voou até São Paulo e conheceu o interior do estado. Foi até Salvador, conquistou Pelourinho e conheceu o sertão só para navegar o São Francisco e visitar mais gente inspirado pela beleza do Nordeste. E foi até o Norte. Foi até o Sul. Foi visitar o Brasil na mesa de quem visita Minas no coração.
E tudo isso começou com um velho moinho de pedra movido a água, que triturava o milho dia após dia. Que criava o fubá, que ia para as dornas de madeira e se misturava com a garapa. Hoje, com dornas de inox e novas tecnologias, o processo é mais moderno. Só não é menos artesanal. O cuidado de quem vê arte na cachaça continua, aguardando lentamente o descanso da bebida nos barris de carvalho. Envelhecendo e amadurecendo o sabor para se transformar nessa bebida com gostinho de Minas e espírito do Brasil. De Minas.

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